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Povos indígenas em Sergipe: contribuição à sua história

A Cátedra Marquês de Pombal (Camões, I.P. / UFS), através do selo E-Pomb@l, tem o privilégio de trazer a público, em forma de livro, um conjunto de textos pioneiros, tanto do ponto de vista local quanto nacional, sobre os povos indígenas de Sergipe, produzidos entre 1973 e 1992 por Beatriz Góis Dantas. “Missionária da Memória”, no dizer de Maria Lúcia Dal Farra, no belo poema que abre o livro Os caminhos da pesquisa antropológica, organizado em sua homenagem (Santos; Dantas, 2021), a professora Beatriz, além de ter sido uma das primeiras pesquisadoras a estudar as principais manifestações culturais e folclóricas do estado, tais como o Lambe-Sujo; as Taieiras; a Chegança, e de ter se destacado por seu ativismo, militância e comprometimento nos cargos político-institucionais que ocupou ao longo de sua carreira, publicou, dentre os impressionantes 141 trabalhos que produziu, entre resumos, artigos, livros, capítulos de livro, resenhas, organização de catálogos e folhetos, os primeiros textos decorrentes de uma pesquisa sistemática sobre os povos indígenas em Sergipe, numa época em que o tema ainda não era tão valorizado academicamente e não havia nenhuma das facilidades que a digitalização de fontes manuscritas hoje proporciona.
Para a nossa Cátedra, este livro tem um valor especial, pois aborda um tópico de suma importância para os estudos pombalinos: a Lei do Diretório de 1757, confirmada pelo Alvará de 27 de agosto de 1758, que estendeu seus efeitos, antes restritos ao Estado do Grão Pará e Maranhão, a todas as colônias de Portugal, e que aqui é tratada com uma abordagem crítica e, por assim dizer, decolonial avant la lettre, sobretudo pelo modo como desenvolve sua argumentação, fazendo uso distanciado das fontes de que dispõe e produzindo um texto conciso, objetivo e não desprovido de encanto, pelo ritmo da frase, bem como pela clareza e vigor argumentativo.

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