Territórios alimentares do Brasil – Tecendo o diálogo entre a produção, a circulação e o consumo
As reflexões em torno da Geografia dos Alimentos têm se constituído como uma vertente analítica promissora no estudo das configurações territoriais nas diversas escalas de análise. A pauta da alimentação é especialmente emblemática e necessária na realidade brasileira contemporânea. Os retrocessos políticos e sociais, enfrentados pelo país desde o golpe de 2016, e a ascensão do governo ultraneoliberal (2018-2022) resultaram no retorno do Brasil ao mapa da Fome durante esse período. De acordo com o estudo realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (PENSSAN), em 2022, aproximadamente 33 milhões de pessoas vivenciaram a situação de insegurança alimentar. Esse panorama se intensificou com as necropolíticas desencadeadas no período da pandemia da COVID-19.
A coletânea apresentada nessa obra reúne quinze artigos oriundos de pesquisas de mestrado e doutorado, além de projetos de extensão que no âmbito das Universidades, das escolas, das comunidades e das políticas públicas abordam aspectos econômicos, políticos e culturais acerca da dimensão social, política, cultural e econômica da alimentação no Brasil. Os estudos abrangem recortes do território nacional, com enfoques, escalas e perspectivas distintas. Pauta-se também o debate acerca da imprescindibilidade da Agroecologia como ciência, técnica e movimento social e político que se configura como alternativa viável e concreta ao modelo hegemônico que pauta a produção de alimentos na atualidade.
Em face dessa conjuntura segmenta-se o debate em três grandes seções: 1. Protagonismo das Mulheres e (Re)Existência; 2. Abastecimento, Soberania e (In)Segurança Alimentar; e 3. Paradigmas Alternativos da Produção de Alimentos.